O álcool na gestação e suas complicações
- Psicóloga Elaine C. A. Evangelista
- 9 de dez. de 2017
- 2 min de leitura
O consumo de álcool é utilizado pela humanidade desde muito tempo nos rituais religiosos, produção de medicamentos, produção de perfumes, entre outros. Com a revolução industrial, os moradores rurais passaram a morar nos centros urbanos, muitas vezes, longe de seus familiares, num ritmo muito diferente do até então habitual, perdendo muitas vezes, o apoio familiar, em que essa ausência é compensada no consumo elevado da bebida alcoólica, e, a sua originalidade, ficando evidente a influência do álcool no comportamento humano.
Por trazer danos irreversíveis, como atraso mental e deficiência física, a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF) afeta o crescimento e desenvolvimento do cérebro da criança, agindo diretamente no sistema nervoso central (SNC), impactando, entre outros, problemas de aprendizagem, memória, atenção, linguagem, comportamento e dificuldade de se relacionar com os outros, afetando de forma negativa o desempenho escolar e social da criança. Assim como outras substâncias, o álcool pode estar relacionado diretamente com intoxicação, dependência, delirium, demência persistente, perturbação mnésica persistente, perturbação psicótica, perturbação do humor, perturbação da ansiedade, disfunção sexual e disfunção do sono. Vale ressaltar que a pouca ingestão da bebida alcoólica, popularmente dita como uso social, não traz problemas imediatos ao usuário. Mas, em longo prazo, ou de forma compulsiva traz problemas de perturbações da consciência, das faculdades cognitivas, da percepção, do afeto ou do comportamento ou outras funções e respostas psicológicas.
O alcoolismo na gravidez pode ocorrer também, devido às condições socioeconômicas difíceis, ao baixo nível escolar, fatores culturais, desnutrição, doenças infecciosas e uso de outras drogas. Dessa forma, é importante um apoio familiar sólido e um ambiente estruturado, pois, a gestação, principalmente para a mulher, gera sentimentos ambivalentes: ela pode sentir-se feliz com a tão sonhada maternidade, como também medo e desamparo diante um ser tão pequeno e frágil, bem como preocupações quanto à educação e criação da criança.

Estudos feitos a nível neuropsicológico apontam que crianças em idade pré-escolar, com SAF, apresentam grandes dificuldades ao nível de linguagem, habilidades visoespaciais e pouca destreza da parte motora fina, assim como dificuldades de aprendizagem verbal, resolução de problemas, memória espacial e de trabalho e problemas de atenção. Dessa forma, fica evidente a necessidade da precisão do diagnóstico da SAF, muitas vezes despercebido nas avaliações clínicas. É importante também a prevenção, onde o psicólogo pode atuar junto ao pediatra, uma vez que a SAF traz danos irreversíveis e compromete a vida da criança.
As crianças afetadas pelo álcool na gestação, devem ser estimuladas com a implementação de rotinas diárias; promoção de práticas repetitivas para poderem adquirir habilidades; explicar-lhes detalhadamente as relações de causa/efeito; explicar minuciosamente as instruções verbais, passo a passo; uso de material visual para acompanhar as instruções verbais; minimizar as distrações visuais e auditivas; usar materiais facilmente visualizados e atrativos e apoio visual para a realização de tarefas. Deve-se levar em consideração a necessidade e importância do lazer, visto que é um estimulante prazeroso, de liberdade, de emoção e de socialização, pois a criança não é um ser acabado e sim em constante construção.
Nesse contexto, o psicólogo tem a função de elo entre a família e a escola, promovendo a criança autoestima, promoção cognitiva estimulando a atenção, concentração, percepção, memória, formas adaptativas de frustração, aumento da tolerância em lidar com emoções negativas, dentre tantos outros facilitadores para promoção e a socialização da criança.
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